Certa vez, uma nuvem serena, tranquila, a vagar pelo
céu, resolveu ver o mundo, vagar por outros lugares,
ver coisas diferentes da
cidade. Resolveu a nuvem então, começar pela floresta, voltar a sua origem,
reencontrar as arvores e tocar a face das montanhas, mas isso não a contentava,
afinal, ela já tinha visto tudo
aquilo, então, resolveu ela procurar algo novo,
vagou assim rumo ao litoral. A pequena nuvem nunca havia
visto o mar, as ondas,
os cardumes e recifes de corais. Foi uma longa viagem, quando a nuvem já estava
desacreditada de encontrar o mar, ele veio com toda sua imensidão, sua beleza,
seu encanto, era
inimaginável, da cor do céu, com ondas fazendo suas curvas,
toda a sua complexidade, toda a sua
simplicidade, um algo suave com seus
momentos de fúria, enfim, tudo isso com que a pequena nuvem se
apaixonasse pelo
grande mar, mas não fora só isso, o mar em um ato desconhecido pelo homem se
encantou em reciprocidade pela nuvem , fora algo encantador, como que em um só
olhar tudo aconteceu.
Foi a nuvem
então em busca de um amor, mas mal percebeu ela que era presa aos céus, não
podia a
nuvem sair de lá, era como uma livre prisão, que só a prendia longe de
seu amor. Teve então o mar uma
ideia:
- Meu amor chore, quando as nuvens
choram, elas viram água e juntam-se ao mar.
Assim então fez a nuvem, chorou,
chorou-se toda, chorou-se de alegria por saber que assim poderia ter seu
amor,
porem, uma surpresa, quando foi a nuvem ao mar, apesar de restar sua consciência,
a nuvem e o mar
viraram um só, não da maneira figurada, mas sim literalmente,
não poderia a nuvem amar o mar se os dois
eram um só, não haveria beijo,
carinho... Nada, sendo assim como poderia haver amor?
Então o mar (e a nuvem) pediu para o sol
brilhar, brilhar tanto a ponto de a pequena nuvem evaporar e
voltar ao seu
estado natural, no céu, longe do mar, e assim foi.
No céu, triste, se controlando para não
chorar-se novamente, a nuvem seguia desolada, enquanto o mar,
furioso, agitado,
naufragava todas as embarcações que via, de raiva.
Foi então que a pequena nuvem teve a ideia de sua
vida. Pensou ela que, enquanto mar, todas as gotas eram
uma só, um só caminho,
apenas uma direção, porém, as nuvens, eram muitas, soltas, juntas, distintas,
mas
nunca uma só, sempre um bocado, então novamente pediu-se ao sol que
brilhasse, mas claro, não se era
possível fazer todo o mar em uma só nuvem, mas
bastava uma pequena e delicada nuvem, para perpetuar
este amor, amor outrora
impossível, mas para quem ama tudo se é possível fazer, e assim foi pelo resto
dos
dias. Quando as nuvens sentiam saudades do mar, choravam-se, mas depois
retornavam ao céu, para
provar que para quem ama tudo se é capaz de fazer.
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