sábado, 8 de março de 2014

Pelo retorno da alma

Noite fria. Escuridão. Não sinto minha alma. Estou vazio.
 Estou só. Eu sou vazio. Escuridão. Afogo minhas magoas com whisky. Whisky doze anos.
 Como eu odeio whisky doze anos. Vou à rua. Procuro afogar minhas magoas nos seios das prostitutas.
 As prostitutas são feias e murchas. Feias como uma ferida aberta. Murchas como minha alma.
 Não culpo as prostitutas. Ofereço meu dinheiro. Ela oferece seu amor. Escuridão.
 Quando tudo acaba ela acende um cigarro. Minhas magoas ainda vivem. Minhas magoas aprenderam a nadar.
 Volto para a rua. Vazio. Porém inundado de rancor. Talvez bebida resolva.
 Opto por vodka. É melhor do que o whisky. As magoas ainda nadam. Fumo um cigarro.
 Agarro-me ao sol que começa a nascer. Vazio. Agora claro. Aqueço-me.
 Sinto-me frio. Mas uma vez saio. Pego a bicicleta e saio. Na jornada vejo algo lindo.
 Lindo como o mar. Calmo. Calmo como a brisa que te invade o flanco. É uma garota.
 Como é linda. Aproximo-me. Ofereço um cigarro. Ela recusa com toda sua beleza.
 Começamos a conversar. Sinto-me quente. Entardece e saímos. Algo triste acontece.
 De tanto sofrer, minhas magoas de felicidade suicidam-se. Nessa cena de enterro.
 Minha alma retorna. Resplendor. Inundo-me agora de sentimentos bons. 
Tarde quente de amores. E para minha surpresa. O whisky dela é doze anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário