Noite fria. Escuridão. Não sinto minha alma. Estou
vazio.
Estou só. Eu sou vazio. Escuridão. Afogo minhas magoas com whisky.
Whisky doze anos.
Como eu odeio whisky doze anos. Vou à rua. Procuro afogar
minhas magoas nos seios das prostitutas.
As prostitutas são feias e murchas.
Feias como uma ferida aberta. Murchas como minha alma.
Não culpo as
prostitutas. Ofereço meu dinheiro. Ela oferece seu amor. Escuridão.
Quando tudo
acaba ela acende um cigarro. Minhas magoas ainda vivem. Minhas magoas
aprenderam a nadar.
Volto para a rua. Vazio. Porém inundado de rancor. Talvez
bebida resolva.
Opto por vodka. É melhor do que o whisky. As magoas ainda
nadam. Fumo um cigarro.
Agarro-me ao sol que começa a nascer. Vazio. Agora
claro. Aqueço-me.
Sinto-me frio. Mas uma vez saio. Pego a bicicleta e saio. Na
jornada vejo algo lindo.
Lindo como o mar. Calmo. Calmo como a brisa que te
invade o flanco. É uma garota.
Como é linda. Aproximo-me. Ofereço um cigarro.
Ela recusa com toda sua beleza.
Começamos a conversar. Sinto-me quente.
Entardece e saímos. Algo triste acontece.
De tanto sofrer, minhas magoas de
felicidade suicidam-se. Nessa cena de enterro.
Minha alma retorna. Resplendor.
Inundo-me agora de sentimentos bons.
Tarde quente de amores. E para minha
surpresa. O whisky dela é doze anos.
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